Considerado por
especialistas e pelo próprio governo federal como a “maior tragédia ambiental
da história do Brasil”, o rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), no
último dia 5, provocou a liberação de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos
e a formação de uma onda de lama de aproximadamente 10 metros de altura, que
deixou um rastro de destruição e morte. “É a maior catástrofe ambiental do
país, isso é inegável. Eu vi o acidente. É impressionante o impacto na flora e
nas atividades econômicas”, considerou a ministra do Meio Ambiente Izabella
Teixeira.
Barragem
se rompe e inunda distrito no interior de Minas
Uma barragem pertencente à
mineradora Samarco se rompeu no distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23
quilômetros de Mariana, em Minas Gerais, e inundou a região.
Especialistas destacam que a
grandiosidade dos danos se deve à amplitude dos impactos ambientais, bem como à
variedade e à extensão atingida. “Trata-se de um desastre que além de trazer
incalculáveis prejuízos ambientais, também acarreta prejuízos sociais,
econômicos e culturais”, avalia Gustavo Souto Maior, do Núcleo de Estudos
Ambientais da Universidade de Brasília (UnB). “São várias as dimensões do
desastre, que ainda está ocorrendo. Não consigo ver na história do Brasil nada
parecido em termos de proporção”, complementa o especialista. Na lista abaixo,
relembre outros desastres ambientais que ocorreram no Brasil e saiba porque o
de Mariana é considerado o mais grave até hoje:
1984,
incêndio na Vila Socó
Em fevereiro, um falha em
dutos subterrâneos da Petrobras espalhou 700 mil litros de gasolina nos
arredores da Vila Socó, em Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio destruiu
parte da favela. Foram contabilizados, oficialmente, 93 mortos.
1987,
Césio 137 em Goiânia
Em setembro, um dos mais
graves casos de exposição à radiação do mundo ocorreu em Goiânia (GO), por meio
da contaminação pelo material radioativo Césio 137. Na ocasião, dois catadores
de lixo arrobaram um aparelho radiológico nos escombros de um antigo hospital e
encontraram um pó branco que emitia luminosidade azul. Os catadores levaram o
material radioativo a outros pontos da cidade, contaminando pessoas, água, solo
e ar. Pelo menos quatro morreram devido à exposição, e centenas de outras
desenvolveram doenças. Em 1996, a Justiça condenou, por homicídio culposo, três
sócios e um funcionário do hospital abandonado. A pena foi de três anos e dois
meses de prisão. Porém, as penas foram trocadas por prestação de serviços
voluntários.
2000,
vazamento de óleo na Baía de Guanabara
Em janeiro, o Ibama aplicou
duas multas à Petrobras, uma de R$ 50 milhões e outra de R$ 1,5 milhão, após o
vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo in natura na Baía de Guanabara, no
Rio de Janeiro (RJ). Um acidente com um navio petroleiro resultou no vazamento.
O incidente causou morte da fauna local e poluiu também o solo em vários
municípios, como Magé.
2000,
vazamento de óleo em Araucária
Em julho, o Ibama aplicou
três multas à Petrobras, totalizando R$168 milhões, pelo vazamento de quatro
milhões de litros óleo na refinaria Presidente Getúlio Vargas, em Araucária
(PR).
2003,
vazamento de barragem em Cataguases
Em março, ocorreu o
rompimento de barragem de celuluse na região de Cataguases (MG), com vazamento
de 520 mil m³ de rejeitos compostos por resíduos orgânicos e soda cáustica. Os
resíduos atingiram os rios Pomba e Paraíba do Sul, originando prejuízos ao
ecossistema e à população ribeirinha, que teve o abastecimento de água
interrompido. O incidente também afetou áreas do Estado do Rio de Janeiro. O
Ibama aplicou multa de R$ 50 milhões à Florestal Cataguases e Indústria
Cataguases de papel.
2007,
rompimento de barragem em Miraí
Houve rompimento de barragem
de mineração na região de Miraí (MG), com vazamento de 2.280.000 m³ de água e
argila (lavagem de bauxita). O órgão estadual aplicou multa de R$ 75 milhões à
empresa Mineração Rio Pomba Cataguases.
2011,
Chuvas na região serrana do Rio
Em janeiro, em decorrência
de um elevadíssimo nível de chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, uma
série de deslizamentos e enxurradas destruiu casas nas regiões de encosta.
Foram totalizadas aproximadamente 800 mortes. As chuvas, principalmente nas
regiões Sudeste e Sul, costumam ser as grandes causadoras de acidentes
naturais. Em 2008, a região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, sofreu uma
grande enchente, que resultou em mais de 100 mortes.
2011,
vazamento de óleo Bacia de Campos
Em novembro, houve o
vazamento de uma grande quantidade de óleo da Chevron na Bacia de Campos, no
Rio de Janeiro (RJ). O Ibama aplicou duas multas à empresa, uma de R$ 50
milhões e outra de R$ 10 milhões, pelo vazamento de 3,7 mil barris de óleo no
Campo de Frade. Estima-se que a mancha provocada pelo vazamento no mar tenha chegado
a 162 km², o equivalente a metade da Baía de Guanabara. Especialistas
registraram uma grande quantidade de animais mortos nas áreas afetadas pela
mancha. A empresa americana Chevron, responsável pela perfuração do poço que
vazou, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 95 milhões ao governo
brasileiro para compensar os danos ambientais causados.
2015,
incêndio na Ultracargo
Em abril, após incêndio no
Terminal Alemoa, em Santos (SP), a empresa Ultracargo foi multada pelo órgão
estadual de meio ambiente em R$ 22,5 milhões por lançar efluentes líquidos no
estuário, em manguezais e na lagoa contígua ao terminal. A Ultracargo foi
multada por lançar efluentes líquidos no estuário de Santos, em manguezais e na
lagoa ao lado do terminal, além de emitir efluentes gasosos na atmosfera,
colocar em risco a segurança das comunidades próximas, dos funcionários e de
outras instalações localizadas na mesma zona industrial
2015,
rompimento da barragem de Mariana
Em novembro, o rompimento da
barragem da Samarco em Mariana (MG) provocou a liberação de 62 milhões de
metros cúbicos de rejeitos. “O Rio Doce já estava razoavelmente comprometido
antes desse desastre, por fatores como poluição e assoreamento. Agora, com esta
quantidade de lama acho muito difícil que muitos danos sejam reparados”, avalia
Souto Maior
Em Minas Gerais, só nos
últimos 14 anos, ocorreram “acidentes” na Mineração Rio Verde, em Nova Lima
(2001), na Mineração Rio Pomba Cataguases, em Miraí (2007), e na Mineração
Herculano, em Itabirito (2014).
Por enquanto, a Samarco,
responsável pelas operações de mineração, já recebeu cinco multas do Ibama, que
somam R$ 250 milhões, e arcará com todos os custos indenizatórios individuais e
coletivos e mais a recuperação ambiental da área impactada, de duração imprevisível.
Fonte:http://www.ebc.com.br/noticias/meio-ambiente/2015/11/conheca-os-principais-desastres-ambientais-ocorridos-no-brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário